Em novembro do ano passado, produtores de abacaxi
do Amazonas tiveram a oportunidade de conhecer o projeto de Produção Integrada
do Abacaxi, implantado com sucesso no Estado do Tocantins. O objetivo é
capacitar os abacaxicultores quanto ao uso racional de inseticidas, integrando
produção, mão de obra e meio ambiente. Para isso, a experiência tocantinense
mostrou que é fundamental que o agricultor realize o monitoramento da lavoura,
dando ênfase à ocorrência de doenças e pragas. Tudo isso para garantir a
sustentabilidade do cultivo de uma das frutas tropicais de maior destaque.
O trabalho é coordenado pelo pesquisador
Aristóteles Matos, da Embrapa Mandioca e Fruticultura e, no Amazonas, vem sendo
desenvolvido desde 2008. Já no Estado do Centro Oeste, as atividades se
iniciaram em 2004, com apenas um proprietário rural. Para se ter uma idéia do
nível de adesão, no ano passado o número de propriedades participantes aumentou
para 43. E, segundo Nilton Fritzons Sanches, um dos responsáveis pelos estudos
no Tocantins, com o monitoramento das plantações não houve necessidade de
aplicação de agrotóxicos.
Se fosse no sistema antigo de fazer o plantio, o
produtor teria gastos excessivos com pulverizações no segundo, quinto e oitavo
mês do ano. O sistema de produção integrada reduz esses custos. Se não há
ocorrência de enfermidades ou insetos, não existe a necessidade dos
agrotóxicos, o que significa economia. O meio ambiente agradece, o trabalhador
rural não tem sua saúde comprometida e o abacaxi é de maior qualidade — garante
o também pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, que ainda comenta que
média de produtividade do Estado é de 22 a 24 mil frutos por hectare, podendo
alcançar picos de 30 mil em grandes propriedades.
O cultivo integrado do abacaxi segue padrões, desde
o plantio até a adubação do solo. Entre as técnicas de manejo de destaque, está
a cobertura dos terrenos com outras espécies, como o milheto, freqüentemente
utilizado após a safra da soja. Como os abacaxizeiros requerem umidade, a
densidade de água na terra é mantida, o que favorece o desenvolvimento das
raízes e a conseqüente nutrição da planta. Além disso, os agricultores podem
evitar o aparecimento de pragas com o chamado plantio armadilha, pelo qual ele
induz o florescimento de apenas alguns abacaxizeiros utilizando carburetos.
Essas plantas funcionam como armadilhas, amenizando a incidência de pragas.
A colheita no Tocantins é realizada nos meses de
dezembro, janeiro e fevereiro, quando são escassos os frutos no mercado. Por
conta disso, os preços acabam sendo elevados. Na região, a espécie cultivada é
o abacaxi pérola, que exige umidade não excessiva no solo, com não menos que
800mm de chuvas por ano, e um tempo relativamente seco na saída da florescência
para evitar a fusariose, doença fúngica que atinge a abertura das flores do
abacaxi.
As regiões produtoras brasileiras de destaque são
Paraíba, Pará, Triângulo Mineiro, Tocantins, Itaberaba na Bahia. O Tocantins
está servindo de modelo para outros Estados. Inclusive, esse sistema dá
credibilidade maior ao produtor que deseja fazer exportação. Afinal, com os
padrões, é possível agregar valor aos produtos e assegurar ao consumidor a
rastreabilidade da produção, algo muito importante para o mercado europeu, por
exemplo — conclui Nilton.
Fonte: Ascom/Adapec